Turista típico do sangue que escorre nas favelas “pacificadas”
Iconoclastia Incendiária:
Safari humano nas favelas do Rio. Uma modalidade de turismo chamada “slumming”.
Como teve início o turismo da miséria?
O turismo em favela tem como antecedente histórico a prática do slumming, termo com registro em dicionário, realizada pelas elites inglesas da era vitoriana, nos anos de 1880. Os ricos iam visitar, por curiosidade ou caridade, os espaços segregados da cidade. Era quase como se fossem às colônias – de chineses, italianos e outros. Virou moda fazer essas visitas. Isso dura até os anos 1920. A situação contemporânea começou por volta de 1990. No Rio de Janeiro, há um mito de origem, segundo o qual o turismo em favela começou com a ECO 92, quando se passou a levar estrangeiros à Rocinha – pessoas ligadas em ecologia e interessadas em alternativas ao turismo de massa. Na África do Sul, esse tipo de turismo teve início com fim do Apartheid, em 1994, e os roteiros turísticos para as townships, localidades que até então estavam isoladas. Leia mais
Escreve Mário Antônio de Lacerda Guerreiro: Se você não sabia, fique sabendo que, no Rio de Janeiro, somente a favela da Rocinha atrai cerca de 40.000 turistas por ano, 65% europeus. Com esta quantidade de visitantes estrangeiros, a Rocinha tornou-se uma verdadeira atração turística mais importante do que o MAM (Museu de Arte Moderna) e a Igreja barroca de São Sebastião, onde está o marco de fundação da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
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Estou certo de que a esta altura o leitor curioso e indagador deve estar perguntando para si mesmo: “O que há de tão atraente na Favela da Rocinha?”
Mas há uma pergunta que não quer se calar: Por que razão o ser humano encontra grande prazer em ver a miséria dos outros e/ou na terra dos outros e não encontra nenhum prazer em ver sua própria miséria e/ou a miséria na sua própria terra? Dizer que “pimenta nos olhos dos outros é refresco” é repetir um surrado provérbio.
Não é de causar espécie que o ser humano procure o prazer e fuja da dor, isto já sabia Aristóteles em priscas eras, muito antes de Jeremy Bentham e Sigmund Freud. O que causa espécie é que o sofrimento dos outros seja causa do prazer de algumas pessoas.
Em outras palavras: há quem ganhe muito dinheiro fotografando a miséria do Terceiro Mundo. Há mesmo um famoso fotógrafo brasileiro que enriqueceu com a miséria alheia . Mas, neste caso, a miséria é apenas um meio anódino, para alcançar um fim prazeroso, e como sabemos, os fins justificam plenamente os meios… Porém, quando o turismo é apenas um meio e ver a miséria dos outros passa a ser um fim, esse tipo de turista só pode ser um grande sádico ou um fútil desmiolado (tertium non datur).
Acontece no Rio de Janeiro, na Bahia, principalmente. Também noutras cidades do Brasil favelado. A foto é do Recife. Os soldados de Pernambuco imitam os soldados da Rainha da Inglaterra
Somos humanos. vucanza.com foca nas pessoas!
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