Slumming, o sádico turismo de favela, da miséria e do sangue


O chamado turismo de favela, ou turismo da miséria, é um fenômeno em expansão, como atesta o livro Gringo na Laje – Produção, Circulação e Consumo da Favela Turística (FGV Editora, 163 pág., 17 reais), da antropóloga Bianca Freire-Medeiros. Por mais estranho que possa parecer, a violência é, na visão da pesquisadora, o que mais seduz os turistas. “Ela é um atrativo. O filme Cidade de Deus, por exemplo,
vende a imagem de que a favela é um lugar extremamente violento, de alto risco: os turistas querem ir lá motivados por isso”, diz Bianca. Só a favela da Rocinha, destino favorito no Rio, recebe cerca de 3.500 visitantes por mês, a maior parte vinda da Europa e dos Estados Unidos. Sete agências especializadas e inúmeros guias exploram o negócio. Veja as imagens abaixo e opine no fórum Turismo de miséria, estamos no tempo de rever nossa posição na sociedade sem politicagem, somos antes de tudo brasileiros!turismo fav 1
turismo-nas-favelas-2
favelatour 4
turismo 5
turista 6
turista 7
turista 8
Turista típico do sangue que escorre nas favelas "pacificadas"
Turista típico do sangue que escorre nas favelas “pacificadas”
turismo favela pousada 8
Iconoclastia Incendiária: Safari humano nas favelas do Rio. Uma modalidade de turismo chamada "slumming".  Quem são esses animais que moram aqui? E quem são os animais exóticos que vem fotografar? Que tipo de animal nós somos?
Iconoclastia Incendiária:
Safari humano nas favelas do Rio. Uma modalidade de turismo chamada “slumming”.
Como teve início o turismo da miséria?
O turismo em favela tem como antecedente histórico a prática do slumming, termo com registro em dicionário, realizada pelas elites inglesas da era vitoriana, nos anos de 1880. Os ricos iam visitar, por curiosidade ou caridade, os espaços segregados da cidade. Era quase como se fossem às colônias – de chineses, italianos e outros. Virou moda fazer essas visitas. Isso dura até os anos 1920. A situação contemporânea começou por volta de 1990. No Rio de Janeiro, há um mito de origem, segundo o qual o turismo em favela começou com a ECO 92, quando se passou a levar estrangeiros à Rocinha – pessoas ligadas em ecologia e interessadas em alternativas ao turismo de massa. Na África do Sul, esse tipo de turismo teve início com fim do Apartheid, em 1994, e os roteiros turísticos para as townships, localidades que até então estavam isoladas. Leia mais

Escreve Mário Antônio de Lacerda Guerreiro: Se você não sabia, fique sabendo que, no Rio de Janeiro, somente a favela da Rocinha atrai cerca de 40.000 turistas por ano, 65% europeus. Com esta quantidade de visitantes estrangeiros, a Rocinha tornou-se uma verdadeira atração turística mais importante do que o MAM (Museu de Arte Moderna) e a Igreja barroca de São Sebastião, onde está o marco de fundação da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Volte ao post principal sobre o turismo de miséria.
Estou certo de que a esta altura o leitor curioso e indagador deve estar perguntando para si mesmo: “O que há de tão atraente na Favela da Rocinha?”
Mas há uma pergunta que não quer se calar: Por que razão o ser humano encontra grande prazer em ver a miséria dos outros e/ou na terra dos outros e não encontra nenhum prazer em ver sua própria miséria e/ou a miséria na sua própria terra? Dizer que “pimenta nos olhos dos outros é refresco” é repetir um surrado provérbio.
Não é de causar espécie que o ser humano procure o prazer e fuja da dor, isto já sabia Aristóteles em priscas eras, muito antes de Jeremy Bentham e Sigmund Freud. O que causa espécie é que o sofrimento dos outros seja causa do prazer de algumas pessoas.
Em outras palavras: há quem ganhe muito dinheiro fotografando a miséria do Terceiro Mundo. Há mesmo um famoso fotógrafo brasileiro que enriqueceu com a miséria alheia . Mas, neste caso, a miséria é apenas um meio anódino, para alcançar um fim prazeroso, e como sabemos, os fins justificam plenamente os meios… Porém, quando o turismo é apenas um meio e ver a miséria dos outros passa a ser um fim, esse tipo de turista só pode ser um grande sádico ou um fútil desmiolado (tertium non datur).

Acontece no Rio de Janeiro, na Bahia, principalmente. Também noutras cidades do Brasil favelado. A foto é do Recife. Os soldados de Pernambuco imitam os soldados da Rainha da Inglaterra
Acontece no Rio de Janeiro, na Bahia, principalmente. Também noutras cidades do Brasil favelado. A foto é do Recife. Os soldados de Pernambuco imitam os soldados da Rainha da Inglaterra
soldadnho na torre de londres 2
guarda rainha 1